Em 6 de agosto de 1945, um B-29, denominado Enola Gay, que voava a grande altitude sobre a cidade, lançou uma bomba de urânio
O mundo recordou nesta quinta-feira (6) com uma cerimônia em Hiroshima o 70º aniversário do primeiro bombardeio nuclear da história, que que levou o Japão à capitulação e encerrou a Segunda Guerra Mundial.
Em 6 de agosto de 1945, um B-29, denominado Enola Gay, que voava a grande altitude sobre a cidade, lançou uma bomba de urânio, dotada de uma força destrutiva equivalente a 16 quilotoneladas de TNT.
A bomba explodiu a 500 metros do solo, que ardeu a 4.000 graus, e destruiu tudo ao redor, no momento da explosão e posteriormente por efeito da radiação. O número de mortos é estimado em 140.000, no momento do impacto e por consequência da radiação.
Uma jovem e um estudante golpearam um grande sino às 8h15 de quinta-feira (20h15 de quarta-feira em Brasília) com uma viga de madeira, horário exato do bombardeio, em meio ao canto das cigarras e do silêncio da multidão reunida no Parque Monumento da Paz de Hiroshima, cidade de 1,2 milhão de habitantes convertida em símbolo do pacifismo.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e representantes de 100 países estavam entre as 55 mil pessoas que compareceram à cerimônia. “Como único país golpeado pela arma atômica (…) temos a missão de criar um mundo sem armas nucleares”, declarou Abe ao discursar para a multidão. “Temos a responsabilidade de revelar a desumanidade destas armas nucleares, através das gerações e das fronteiras”.
O premier revelou que o Japão apresentará este ano na Assembleia Geral da ONU uma nova resolução destinada a abolir as armas nucleares. A recordação este ano coincide com atentativa de Abe de aprovar uma lei para reforçar o papel militar do Japão no cenário internacional, algo que a atual Constituição pacifista do país impede.
Um sobrevivente de Hiroshima criticou Abe por esta política. “Você não deve cometer os mesmos erros no Japão”, disse Yukio Yoshioka, 86 anos, a Abe. “Nosso compromisso contra guerra, o caminho pacifista realizado por nosso país jamais mudará”, respondeu Abe, que não conseguiu tranquilizar Yoshioka.
“Não posso suportar isto. Ele pronuncia palavras com suavidade, mas a atitude do atual governo pisa nos sentimentos e as orações das vítimas”, disse Yoshioka. O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, qualificou em seu discurso de “mal absoluto” a arma nuclear e exortou o mundo a agir para eliminar as armas nucleares. “Para coexistir, devemos abolir o mal absoluto e o cúmulo da desumanidade que representam as armas nucleares. Agora é tempo de agir”, declarou Matsui.
Três dias depois, NagasakiTrês dias depois de Hiroshima, a Força Aérea americana lançou uma bomba de plutônio na cidade portuária de Nagasaki que deixou 74.000 mortos. Estas duas bombas deram um golpe fatal no Japão imperial, que se rendeu em 15 de agosto de 1945, colocando, assim, um ponto final à Segunda Guerra Mundial.
Shinzo Abe depositou uma coroa de flores durante a cerimônia, que foi assistida pela embaixadora dos Estados Unidos no Japão, Caroline Kennedy, e pela subsecretária americana encarregada do controle de armamentos, Rose Gottemoeller, a mais alta funcionária de Washington já enviada ao evento anual em Hiroshima.
Sete décadas depois, o uso da bomba atômica no final da Segunda Guerra Mundial segue provocando polêmica. Alguns historiadores estimam que se evitou um maior número de vítimas em uma guerra terrestre prolongada, mas outros consideram que o Japão estava muito próximo da derrota e que as bombas não eram necessárias para acabar com o conflito.
Hoje, 56% dos americanos consideram que os ataques nucleares foram justificados, segundo pesquisa realizada em fevereiro pelo instituto Pew Research Center. A mesma pesquisa revela que 79% dos japoneses consideram que os ataques não têm justificativa. Paul Tibbets, piloto do Enola Gay, disse em uma entrevista em 2002, cinco anos de sua morte, que “fez apenas o que deveria”. Washington, estreito aliado de Tóquio depois da guerra, jamais pediu desculpas oficiais por estes bombardeios
Fonte: Correio Braziliense
Fonte: Correio Braziliense