“Vão pelo mundo e anunciem o evangelho a todas as pessoas”
(Marcos 16.15)
A Bíblia é traduzida desde, pelo menos, a época de Esdras e Neemias (leia Ne 8.8 ). Naquela época, era necessário fazer uma tradução oral ou falada para o aramaico, necessidade sentida ainda nos tempos de Jesus. No entanto, a mais antiga tradução da Bíblia em forma escrita é a Septuaginta, que foi feita ao longo dos últimos 200 ou 300 anos antes de Cristo.
Septuaginta – É uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita no Egito, para a comunidade judaica que não mais entendia o texto bíblico em hebraico. É claro que a Septuaginta inclui também alguns livros que foram, originalmente, escritos em grego. O termo “Septuaginta” significa “Setenta” e é derivado da tradição de que foram 72 sábios de Israel (seis de cada tribo) que fizeram a tradução, a pedido do rei do Egito. Foi a Bíblia utilizada por muitos dos primeiros cristãos, inclusive apóstolos e evangelistas. Nas cartas de Paulo, por exemplo, uma de cada três citações do Antigo Testamento parece ter sido tirada diretamente da Septuaginta. Além disso, a Septuaginta ajuda a entender a linguagem do Novo Testamento, em especial o novo significado de palavras gregas. Um exemplo disso é a palavra dóxa, que significa “opinião”, mas que a partir da Septuaginta, adquiriu também o significado de “glória”.
Outras traduções – Depois, já na era cristã, surgiram novas traduções, para línguas como o copta (no Egito), o etíope, o siríaco (no norte da terra de Israel), e o latim, além de muitas outras. A tradução para o latim é, com certeza, a mais importante, por sua ampla utilização no Ocidente, especialmente ao longo da Idade Média.
A Vulgata – A tradução mais importante ao latim é a (Vulgata), feita pelo eminente biblista Jerônimo, no final do quarto século e começo do quinto século (mais ou menos 400 d.C.).Tudo indica que Jerônimo fez apenas uma revisão do texto latino do Novo Testamento.
Reina-Valera – A Reina-Valera é, no mundo de fala espanhola, o que Almeida é no mundo de fala portuguesa: a tradução mais apreciada pelos evangélicos. O nome vem de Casiodoro de Reina, que fez a tradução original, em 1569, e de Cipriano de Valera, que fez a revisão, em 1602.
King James Version – Esta tradução da Bíblia, que já completou quatro séculos e ainda é bastante usada no mundo de fala inglesa, surgiu em 1611. Foi encomendada por um rei britânico, razão pela qual se chama de “tradução do rei James”. Não foi, a rigor, uma nova tradução, mas uma edição que combinou traduções anteriores, incluindo as de Wycliffe e William Tyndale.
No caso do Antigo Testamento, fez uma nova tradução a partir do original hebraico (que ele chamava de veritas hebraica, ou “verdade hebraica”), pois as traduções latinas existentes na época haviam sido feitas a partir da Septuaginta grega. Para fazer uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, a tradução “divulgada” ou “difundida”. Embora não tenha sido imediatamente aceita (afinal, era diferente das outras traduções conhecidas na época), tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.
Traduções na Europa – Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim, na tradução de Jerônimo.
Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para a Irlanda, a Escócia e a Inglaterra, e certamente havia cristãos no exército romano que dominou aquela região durante o segundo e o terceiro séculos.
Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo dessa região é a do Venerável Beda. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós.
John Wycliffe – Nascido por volta do ano de 1330, no interior da Inglaterra, Wycliffe tem o seu nome associado à primeira tradução da Bíblia para o inglês. Os líderes da Igreja se opuseram violentamente à Bíblia em inglês e perseguiram Wycliffe.
Ele foi condenado postumamente, ou seja, depois de morto, tendo o corpo desenterrado e queimado.
Lutero – Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão, num período de onze semanas, quando estava refugiado no castelo de Wartburg. Essa tradução foi publicada em setembro de 1522. A tradução do Antigo Testamento só foi concluída após 12 anos de trabalho (publicada em 1534), sendo que Lutero contou com a colaboração de uma equipe de professores de teologia de Wittenberg (que não se dedicaram ao projeto em regime de tempo integral). A tradução de Lutero antecipa, em parte, o modelo de tradução de equivalência dinâmica, utilizado na Nova Tradução na Linguagem de Hoje. (Lutero) se expressou assim: “Não se deve perguntar às letras na língua latina como se deve falar em alemão, (…) e sim, é preciso perguntar à mãe em casa, às crianças na rua, ao popular na feira, ouvindo como falam, e traduzir do mesmo jeito, então vão entender e notarão que se está falando alemão com eles”. Por ter seguido este princípio, a tradução da Bíblia feita por Lutero caiu no gosto popular, embora não tivesse sido a primeira tradução
para a língua alemã.
para a língua alemã.
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